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intensidade

Dia de intensa atividade intelectual, que evidencia-se não só nas conversas que travei, mas na quantidade -- e nos posts -- que escrevi logo abaixo. Ontem a noite, celebrei meu aniversário e, um tanto alterado, escrevi dois textos, um no fotoblog, outro aqui. O daqui me pareceu fazer mais sentido... Hoje de manhã, ao acordar -- e perder o horário da academia -- escrevi uma crônica, baseada em um sonho que tive.
A propósito, tive que censurar parte do post sobre meu aniversário, que desagradou a Camila: apesar de saber da sinceridade do meu sentimento e da minha convicção em estar com ela, ela ainda insiste em ter ciúmes sobre qualquer menção que eu faça ao sexo feminino.
Também recebi reclamações sobre falar pouco dela. Pudera: enquanto parte de mim, às vezes esqueço de falar o que acontece comigo e só falo o que acontece à minha volta. A Camila não é minha volta, é meu centro.
Por fim, narro uma cena bizarra: na Pça Dom José Gaspar, um "fantasiado" à la 31/10 tentou assustar um transeunte, que revidou com um altíssimo "BU" e assustou o monstro!
É isso.
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o grito

Curta crônica de uma paixão natimorta

Hoje tive um sonho...
Nove e meia da noite eu estava sentado em uma das muretas do metrô República. Marquei com ela as nove -- mas quem se importa? Encontrei-a linda, tão linda como nunca lembrava. Também, não tinha muito como lembrar, só a tinha visto uma única vez.
Devo meu tom estupefato aos meus tolos sentimentos. Era para ser só mais uma, não para ser única. Dispensaria a ela o tratamento padrão: bar, balada e mi casa. O ciclo de uma noite "perfeita" e bem resolvida padrão. Padrão porque se repete, perfeita porque sai como o planejado.
A noite é como um cavalo, mas você nunca sabe quem ele é. Às vezes, dócil, caminha com obediência pelas estradas que guiamos, só parando nos pastos que permitimos. Outras, completamente selvagem, arranca sua sela com furor e nos joga ao chão, fazendo acompanharem-no a pé ou tentando recuperar a montaria. Assim, como a segunda, foi aquela noite.
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23

Já disse no fotoblog que há 23 anos atrás, respirei pela primeira vez. Já contei também que não fosse ter deixado a chave na mão da Camila, hoje não teria festa -- era esse meu intento inicial. Também dissertei um pouco sobre o tempo, dizendo que ser mortal só é possível se houver tempo, numa teoria simplista e maluca.

Não sobrou muito para dizer aqui.

Então tenho que contar que quem me deu o primeiro "feliz aniversário" foi uma garota fantástica que conheci na sexta -- com quem travo conversas de altíssima qualidade todas as noites em que estou inspirado, e prefiro nem conversar quando não tenho inspiração --, que achei um barato as pessoas me mandando scraps diferentes, cada um passando uma mensagem personalizada distante dos tradicionais, padronizados e modelados parabéns à você, que passei um dia do cão no banco ficando com dor de cabeça o dia inteiro, que tomei sorvete com uma garota que sabe ser interessantíssima -- mas pra mim não pode ser, já que optei por me interessar por apenas uma --, que tive outro dia de cão no último dia de curso no Senac, e meu projeto ficou uma bosta.
Enfim... Que meu aniversário foi mais um dia com peculiaridades como qualquer outro, e que a única coisa que o fez diferente foi o esforço das pessoas à minha volta em fazê-lo assim.

Então, acho que o Feliz Aniversário não é para mim. É para aqueles que estiveram comigo hoje, que participaram de alguma forma, e que fizeram esse 30 de outubro um dia diferente e mais peculiar que o habitual.
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Apesar de você

Se hoje sou politizado, ou penso ser, devo o que sei à experiência que adquiri como parte consciente do movimento de massas. Me inseri no ativismo sindical em 2003, quando tomei posse no banco (empresa meio pública tem dessas: a gente não é contratado, toma posse) e, com poucas semanas, entrei em greve. Aos poucos comecei a entender como tudo funcionava, que o PT com quem cresci já não era mais o mesmo e que no sindicato atuava como a burocracia contra a vontade das massas e pró-governista. Vivi de perto a experiência com isso quando, em 2004, defendi diante de alguns diretores do sindicato que deveríamos ir à greve, pois a massa iria aderir, e os diretores disseram que não acreditavam na força do funcionalismo. A greve aconteceu, e foi forte! No ano seguinte, acreditando um pouco mais nos bancários mas ainda colocando a governabilidade acima dos interesses dos trabalhadores, a greve foi defendida pela diretoria, mas boicotada desde o começo e, no final, foi fechado um acordo rebaixado a despeito da força da greve. E o mesmo aconteceu esse ano.

Minha experiência desses últimos 3 -- quase 4 -- anos também determinou minha adesão a uma organização partidária, a que me pareceu mais coerente com a vontade das massas e a realidade da conjuntura. Sou trabalhador, de classe média baixa, com educação mediana e medíocre, quase um ignorante. Todavia, faço parte de uma minoria, não a minoria das minorias, mas sou uma parte ínfima do povo que tem acesso à internet, ao ensino superior, à alfabetização, e faço em média três refeições por dia. Nem por isso devo ignorar os interesses da maioria miserável: ao contrário, penso que todos devem ter acesso ao que eu tenho e que eu devo ter acesso a outras coisas que só as minorias mais minoritárias que eu tem.
Aprendi também o quão ignorante é pensar que ações assistencialistas como abrir a minha casa para dar comida aos pobres ou criar cartões com um valor disponibilizado mensalmente são um combate de fato à miséria: ao contrário, são paleativos que servem para livrar o peso da consciência da minoria mas que tem uma mínima representatividade na construção de uma sociedade igualitária. Outrora já disseram que dar o peixe tira a fome imediata do homem: ensiná-lo a pescar, por outro lado, alimenta-o e à sua família por toda a sua vida.
A essa altura, nem preciso falar o que penso daqueles que concentram a renda e criam uma distância vertiginosa entre os ricos e pobres: por isso, qualquer partido que represente essa classe obtém de mim no máximo um riso sarcástico, ironias, ou desprezo -- embora não duvida da autenticidade, numa democracia, da representação dessas organizações.
É por isso que em 29/10, um dia antes do meu aniversário, vou votar 00 na urna eletrônica. É isso mesmo: voto nulo. Voto consciente, posicionado, politizado. Defendo o voto nulo enquanto posicionamento legítimo contra as duas alternativas apresentadas, que não contemplam e não representam meus interesses. Ambos não são favoráveis aos trabalhadores, ambos representam as elites (não é assim que o barbudo fala?), ambos defendem reformas que afetam diretamente ao meu bolso e favorecem diretamente aos cofres dos bancos e grandes empresas. Para que então escolher dos males o pior? Mal é mal, não existe "mais mal" ou "menos mal". O pior é mal, o ruim é mal. Morrer com um tiro na têmpora ou na nuca é morte certa: prefiro viver, mesmo que essa alternativa me seja cerceada. Defenderei a vida até a morte.
E apesar do PT, amanhã há de ser outro dia.
 
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