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Quando você tem verdadeiros amigos e se rende a aceitar que o ajudem

Odeio citar a mim mesmo, acho isso culturalmente pobre, mas como é parte de um romance um tanto que auto-biográfico, vou fazê-lo porque não poderia ter palavras mais exatas para definir o que está para acontecer:
"O benefício de ter o mundo como sua casa é sempre acompanhado do malefício de sentir-se um eterno sem teto. Quem mora no mundo dorme sempre ao relento." (no esboço do 605 bloco B).
Estou em um momento muito complicado da minha vida e ao longo de meus 28 anos aprendi que o melhor a fazer nesses momentos (o que também me foi incentivado ao longo dos anos em que me submeti à Terapia Cognitiva Comportamental -- que venceu meu preconceito e me trouxe resultados inesperados) é empregar-me com todas as minhas forças a fazer o novo. Diz o Upanishad de Isha o óbvio sobre isso (tradução minha): o resultado que você terá com o cultivo da sabedoria [por óbvio] é diferente do resultado do cultivo da "a"-sabedoria (veja que eu uso esse termo porque, no sânscrito, a partícula de negação "a"é tão ou mais forte do que um sinônimo da palavra).
A forma com a qual enfrentei esse meu último término de relacionamento evidenciou para mim que preciso me submeter a uma mudança "radical" e que isso precisa ser rápido -- há três meses tenho plantado só "avidyaia" (o que traduzi lá em cima como "a"-sabedoria) com a ilusão de que isso me traria bons frutos. Auto-engano, burrice e mais ainda, irresponsabilidade face todas as experiências e sofrimentos que tive ao longo desses últimos anos.
É isso: o que vou fazer à partir de agora será algo que já fiz quando passei pelo meu período de confusão aos 16 anos, ao que tenho que agradecer à Terapeuta ex-Reichiana e atual Cognitiva Comportamental que me ensinou que quando tudo está dando errado, a única coisa sensata a fazer é voltar ao início.
Eu, homem convicto e prepotente que sou, não mudo o rumo da minha vida por causa de conselhos, sempre prefiro me queimar enfiando a mão no fogo que acreditar em quem me disse que isso vai me queimar. Não sei se meu roommate já tinha percebido o quanto fiquei debilitado nos últimos meses, mas ontem tive com ele a primeira conversa aberta sobre isso e contei sobre a atitude radical que estou prestes a tomar: me surpreendi com a forma em que ele aceitou minha decisão, ficou feliz por ela e colocou-se à disposição para resolver os rolos que isso tudo vai gerar. Hoje me norteio ouvindo só meu pai, esse meu roommate e o André, principal referência que tenho desde que o conheci e vi que merecia minha admiração. Ele também me apoiou.
Por fim, quando descobri hoje de manhã através de um e-mail que recebi que praticamente já foi batido o martelo para concretizar essa decisão (não depende só de mim), liguei para o Cristiano, que tem muitos problemas semelhantes aos meus e que também me salvou com suas palavras em meus momentos de aflição: ele acha que estou fazendo a coisa mais certa que poderia fazer.
Confesso, leitores, que foi muito difícil enfrentar essa minha última fase -- vou chocar muita gente se contar que passou mais de uma vez pela minha cabeça desistir de tudo e foi por pouco que isso não aconteceu? Pois é... Isso é o que Daniel Gollemn chama de sequestro emocional, quando somos dominados somente pelo impulso doentio das emoções e já não conseguimos usar a razão para ponderar o certo, o errado e o melhor.
Ainda assim, constato de forma melancólica que todas as promessas que tive no último relacionamento amoroso com a D. foram ilusórias. Deveria ter seguido à risca a orientação que tive de todos os terapeutas que me assistem que insistiram para eu evitar envolver-me nisso isso. Mas sabe, a frustração que tenho quando penso que, por óbvio, deveria ter mantido o pensamento acima da paixão (difícil hein) e não me dedicar tanto a isso mais que dedicar-me a "amar [a pessoa] como se não houvesse amanhã", perceber o quão desumano foi ela me abandonar no leito de uma UTI enquanto o que mais precisava era ter coisas boas para aliviar minha angústia, meu amigo -- que não precisava tê-lo feito -- esteve todos os dias ao meu lado.
Enfim, meus caros, estou entregue ao que irá acontecer e muito grato (e surpreso) ao ver que tenho amigos valiosos além de meu pai ao meu lado. Saibam que a coragem que tenho para mudar de mundo não é minha, mas no momento, são vocês que me deixam mais forte -- e sem isso, eu dificilmente conseguiria.

Por fim, tenho muito a agradecer àqueles que, nesse momento, me surpreenderam e me apoiaram:
André Pluskat, Ricardo Alves, meu pai e minha mãe (ao seu jeito, claro).  Conste também aquele que é o meu médico há mais de 6 anos e que atua muito além dos limites da relação de "transferência", e mostra-se um verdadeiro cumpridor do juramento que fez a Hipócrates: Dr. Eliezio Aguiar (que costumo dizer que é muito mais que um psiquiatra, mas um grande médico).

Em suma: quando as coisas estiverem dando errado, não continue dando murro em ponta de faca: comece tudo de novo. Se dedique a perceber quem realmente lhe quero bem, que goste de você sem precisar receber nada em troca mas como que por milagre estará sempre do seu lado quando você precisa de ajuda. Estou muito receoso: se não tivesse estes três amigos (e meu pai) ao meu lado, não conseguiria largar tudo para me dedicar única e exclusivamente ao meu objetivo que vem desde 2010: ser uma pessoa melhor, para mim e para todos.
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Meu pequeno e suficiente círculo social de hoje

No final de 2010, percebi que teria de fazer drásticas mudanças para conseguir aceitar o desafio que me fiz em ser uma pessoa melhor para mim, para outrém e para a vida e toda a existência, deixando fluir o que faz parte da minha natureza ao invés de viver constantemente com um personagem de acordo com a situação e as pessoas envolvidas, agradar todo mundo sem distinção e fazê-lo ainda que contra a minha vontade.
Isso exigiu uma poda em meu círculo social: ao invés de manter contato com umas 50 pessoas todos os dias, desligar-me de quem não vale a pena ter próximo de mim como parte da minha vida e reconhecer os que me fariam bem aceitando-me do jeito que eu sou sem que eu precisasse atuar mais como a pessoa adequada à qualquer situação.
Hoje depois de dois anos consegui mudar muita coisa para melhor -- eu acho. Meu celular deixou de receber insistentes ligações com convites para sair todos os dias. Só ando tendo contato frequente com dois amigos -- que sempre estão do meu lado e me ajudam quando preciso -- e os outros amigos que mantive apesar de não tê-los por perto sempre, conheçam-me o suficiente para saber que, longe ou perto, são pessoas que considero como amigos em qualquer circunstância, e que se for necessário voltar do Acre a pé até São Paulo se eles precisarem de mim, eu sempre estarei à disposição para fazê-lo.
Hoje tive duas grandes conquistas nesse sentido.
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Uma forma de enfrentar as coisas

Todo mundo pensa que sua vida não é fácil e a maioria compara isso à vida do outro achando que as coisas para ele são mais fáceis. A grama do vizinho é sempre mais verde, dizem... Eu já tive muitas dificuldades e se defino-as assim, falo de coisas que foram difíceis de enfrentar ou superar -- e é claro, continuo tendo outras. Será que o que essas dificuldades são comparáveis à de um familiar meu que teve de enfrentar um câncer, coisa que nunca tive (em matéria de saúde só tive dois problemas graves, uma crise asmática que quase me matou no começo da década passada e um problema psíquico causado pelo trabalho). Não acho que dá para comparar as vidas e dizer que uma é mais fácil e a outra não. Para começar, "dificuldade" é como "beleza", remete diretamente ao indivíduo: o que é belo para mim não é belo para o outro -- e o que é difícil, idem. Situações que enfrento com facilidade podem atravancar outra pessoa. Mais ainda, com um exemplo atual: terminei um relacionamento, ela está bem, superou, e eu estou na fossa.
O problema está na realidade no impacto que essa dificuldade gera e se ela extrapola os limites do si e toca o outrem: não é justo envolver o outro em seu problema, já que como estabeleci lá em cima, nenhuma vida é fácil. Infelizmente, existem muitos outros que, até mesmo para afugentar-se de seus próprios problemas, aceitam esse envolvimento. À partir disso, a dificuldade do um soma-se às dificuldades do outro, e o resultado dessa equação é um número ainda maior de dificuldades. Meus amigos me conhecem e sabem que não sou de me lamentar, tampouco de pedir ajuda, mas faço terapia e lá sim me lamento e aceito ajuda -- o terapeuta não é um outro que vai somar seus problemas aos dele, ele vai abster-se de envolvimento e ainda assim, com uma visão externa, encontrar ferramentas que façam-no resolver-se. Bem, ao menos assim a coisa deveria funcionar, mas o mercado de psicólogos não anda lá muito bem e às vezes as coisas acabam tomando outro rumo.
Por enxergar as coisas dessa forma -- não é um ponto de vista inato, é algo que desenvolvi -- eu respeito muito os problemas dos outros, não me envolvo com eles e tento fazer o máximo para que eu não envolva terceiros em meu problema. É claro que, como tudo que tange à existência humana, esse não é um mecanismo infalível: às vezes acabo envolvendo outro sem perceber, ou às vezes acabo criando problemas para o outro -- que para mim não seriam problemas -- não só sem perceber mas também sem intenção. O que percebo, todavia, é que reconhecer as coisas dessa forma faz com que ao longo do tempo você passe a controlar cada vez mais esse mecanismo danoso de deixar a dificuldade extrapolar o si, o que concluo por observação empírica percebendo que se há 5 anos atrás eu produzia muitas mágoas, hoje produzo bem menos.
Importante também é reconhecer a dificuldade como "mais uma" dificuldade: ela não foi a única que você mesmo já enfrentou, pode até ser diferente, mas como todas as outras ela pode sim ser superada. Não há portanto o que temer: há de se manter consciente, desprender-se da coisa e ater-se ao eu. Qual é o único elemento comum tanto à dificuldade quanto às superações? O eu. Ele portanto está acima de tudo, apesar de inserido em determinada circunstância. Atendo-se ao eu, por mais difícil que seja, qualquer dificuldade deixa de ser insolúvel e passa a ser só mais um elemento da história da vida. Óbvio que sei que isso não é fácil, ora, eu mesmo penso assim mas não consigo lidar com tudo dessa forma, mas ajuda muito pelo menos pensar nisso. Aliás, acho que o cerne de enfrentar as dificuldades está justamente nisso: abrir a mente para outros pensamentos. Quando você olha para o abismo, o abismo olha para você. Mas há várias outras coisas nas cercanias do abismo, e por mais que seja difícil, é legal olhar para todas elas. Levando ao absoluto, quando um problema assume sua máxima dimensão, eu penso da seguinte forma: isso já é fato, então porque não pensar em outras coisas também?
Mas tudo isso não passa de teoria, a prática é bem diferente. Eu só acho que a chave para tudo isso é nunca deixar de ter em mente que o problema não é parte do eu, e saber que tudo é passageiro (até a vida, afinal). Um dia o amanhã vai ser diferente, até o Sol varia de posição no céu com a passagem das horas. Se hoje está ruim, portanto, e não há como mudar, dormir é a melhor solução. O maior contraponto à dificuldade será sempre o dia seguinte.
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Opção: a fonte da verdade no homem

Há muito tempo atrás, tinha a prática de fazer jejum uma vez por semana, por motivos religiosos/filosóficos. Era uma provação pela qual passava e passava bem, à meia noite em ponto do dia seguinte eu comia de forma saudável, sem me empanturrar.

Mas em todas essas práticas de sannyas -- renúncia em sânscrito, ou sacrifício, há de se ter uma coisa em mente: a renúncia só é verdadeira quando é motivada por uma opção, e não pela falta dela. Quanto ao jejum, se eu estivesse fazendo por necessidade e não por opção, isso não seria uma renúncia real. Faço um paralelo com isso com uma discussão que sempre tive com minha última namorada: ao passo que ela acreditava que a bondade é inata ao ser humano, eu dizia que a verdadeira bondade é a do homem que conhece o mal, pode praticá-lo e ainda assim, optou pelo bom -- pelo justo.'., acho que seria uma palavra mais correta. Ou seja, tudo o que é verdadeiro em um indivíduo, ao meu ver, não é aquilo que se manifesta sem que a parte contrária também se manifeste, mas é a opção que ele toma quando apresentadas essas duas (ou várias) opções. Não posso deixar de frisar que isso é só um exemplo, já que não acredito na dualidade entre bem e mal: creio é no justo.'..

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Do Amor ao Fundo do Poço

Mais de um médico e psicólogo me disseram que tenho uma característica perigosa: baixa tolerância a frustrações. É fato: não sei lidar com o que me frustra, isso sempre me parece o fim do mundo. Um grande avanço que tive nesse sentido foi conseguir perceber que esses sentimentos não são pensamentos sãos, são insanos, e que não devo me entregar a eles. Mas é difícil.

Conheci uma mulher que nunca tinha visto igual na minha vida: foi a primeira que me despertou o sentimento de que poderia viver a vida toda com ela. Minha paixão por ela começou intelectualmente -- isso também foi raro, só tinha experimentado uma única vez na vida, mas isso não quer dizer que ela não fosse linda diante dos padrões sociais e dos que me agradam: é linda. Com o tempo fomos descobrindo que tínhamos afinidade em tudo, na cama, nas idéias, no diálogo... Foi realmente um sentimento único e maravilhoso que tive pela primeira vez na vida -- e nisso digo que estou escrevendo isso mais para lembrar-me no futuro que isso existiu que para compartilhar com outrém. Mas quando resolvi reativar meu blog pessoal minha intenção era essa: voltar a escrever desabafos que não faço para ninguém, sem me preocupar com história, idéias, inspirações, e sobretudo escrevendo mais para mim mesmo. Que eu me lembre, portanto, até a eternidade: o amor existe sim e vale a pena viver com ele sendo uma das coisas mais importantes da vida.

Mas o relacionamento acabou, e como foi um dos mais intensos da minha vida e me trouxe tantos pensamentos novos, é o que mais estou refletindo a respeito. É óbvio que nesse momento meus pensamentos estão completamente tomados por ela, pela convicção que eu tinha de que ela seria minha mulher. Mas fica cada vez mais claro para mim que, tanto quanto eu tenho culpa pelos erros que cometi, há uma parcela fundamental que é de inteira responsabilidade dela: sua vontade de viver comigo não era igual à minha. Penso nisso porque se eu tivesse passado pela mesma situação que ela passou -- procurar uma ex minha para saber o que tinha dado errado e acreditar nela mais que em mim, que demonstrava por ela meu amor não por palavras, mas por atos -- isso ainda não seria motivo de um término, percebendo o quanto esse relacionamento era incomum e importante: eu recorreria a um diálogo para resolver as coisas, ouviria ambas as partes e não só a mais conveniente, seria mais aberto e tentaria com todas as minhas forças superar isso. Mas não, isso ela não quis, e aí é que evidencia-se nossa disparidade: eu realmente queria viver com ela tudo, mas ela não. É isso que tenho que entender para seguir em frente, nossos sentimentos não eram mútuos como pareciam ser.

Em alguns momentos eu penso em morrer, mas já disse a sábia Meire, "você não tem vontade de morrer, mas de matar essa situação". É verdade. A vida é muito mais que isso, então agora mais do que nunca tenho que empregar-me a ela. Esses pensamentos de morte só aparecem por conta da depressão e da baixa tolerância a frustrações, não são pensamentos sãos. Não acredito que vá encontrar alguém igual à ela, que me completava em tudo. Estou aqui mais uma vez solteiro e quando superar tudo isso, não vou procurar nada mais que um relacionamento medíocre como todos os outros: achar alguém igual a ela será impossível. Mas tenho que aprender a me contentar e aceitar o medíocre. O mundo é medíocre, as pessoas vivem felizes em suas mediocridades. Eu, mesmo que incomodado, vou submeter-me a isso.

A síntese de tudo isso é: da plenitude que ela me trouxe, volto à mediocridade, o "nada mais que o necessário" para viver. Felicidade? Só nos poucos momentos em que ela vier, e não como era quando estava com ela e tudo parecia perfeito. Isso tudo foi como uma amostra grátis, um tapa na cara de um cético com relação ao amor, mas foi só isso -- uma amostra, algo que me levou a pensar diferente. Legal, estava errado quanto a isso, mas ainda assim duvido muito que terei outra amostra dessas de novo, quiçá que me leve a planejar uma vida a dois.

Lendo esses lamentos o leitor pode indicar-me o otimismo, são 7 bilhões de pessoas no mundo, e existe alguém que vai aparecer e te fazer bem. Bem, sempre me relacionei com uma variedade e quantidade muito grande de pessoas então sei reconhecer a raridade. Quando digo que vai ser impossível encontrar alguém como ela, falo com plena convicção. Afinal, agora a vida volta a ser o medíocre.

Perguntei com clareza a ela hoje: "você quer que eu suma"? Sou especialista nisso afinal, sair da vida das pessoas sem deixar rastros. Ela aceitou, não sei se ciente de todas as implicações disso, de que sumiço é uma decisão definitiva para mim. Mas à partir de agora paro de lutar, vou seguir minha vida mesmo sabendo que estou jogando a minha maior chance de felicidade plena no lixo -- aliás, eu não, ela. Mas se ela não enxerga assim, é porque provavelmente nunca tinha enxergado mesmo. Se ela não quer lutar é porque não sentiu o mesmo que eu. Então realmente lutar -- eu lutar -- não vale a pena.

Você pode ter 500 decepções, mas isso nunca vai mudar o fato de que elas sempre vão doer. Me dói muito tudo isso agora... Mas com as poucas forças que me restam, vou seguir em frente.
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A Aflição de Xavier (revisado)


Xavier acordou cedo. 6h32 da manhã. Não era costume de Xavier acordar cedo: na verdade, a impressão que teve foi que já era a hora certa de despertar. Não foi. Naquele dia, só deveria acordar às 8h30 para fazer uma ligação e decidir entre dois compromissos: um indispensável. O outro, impulsivo. Seria a volta de sua insônia que manifestou-se durante seis meses antes pela dificuldade de dormir, depois por adiantar seu despertar, que controlou através de psicotrópicos e meditação -- e pasme, a segunda foi a que a fez curar!
Não. Na realidade, não existe maior perturbador do sono que a ansiedade. Na batalha entre os pensamentos persistentes e a necessidade do sono profundo nenhum dos dois vence: acaba-se por entrar em um sono supérfulo, no limiar da vigília, e raras vezes produz-se nesse período alguns sonhos -- via de regra, sonhos lúcidos. Basta desejar, ou não, e o cérebro se faz desperto novamente, em um total descompasso entre o relógio biológico e o tempo regido pelo movimento de rotação da Terra.
Uma transa. Um final de semana. Horas de sexo só interrompidas pela necessidade de água e alimento, coisa que só acontece quando há a perfeita comunhão dos corpos -- não aquela pregada pelo Padre, mas a que se sente quando o contato da pele e a pele faz sentir. Experiência rara que só passaria incólume pelo Mr. Spock. Já em Xavier brotou um sentimento tão intenso que parecia queimar seu corpo só ao lembrar da experiência. O tempo realmente é relativo: aquele final de semana durou uma vida.
 
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