Resposta à Dra. Marilena Chauí: Lula também privatizou. Dilma vai continuar.

É óbvio que é inexpressiva a opinião de um estudante menos que medíocre de uma universidade federal de filosofia, expandida, é fato, pelo governo Lula, em um campus no meio do bairro de Pimentas, em Guarulhos, sem nenhuma infraestrutura de transporte ou moradia para os estudantes face a um comunicado expedido por
uma doutora em filosofia de renome tal qual é a Professora Marilena Chauí. Todavia, num regime democrático -- como explicado por ela mesma no vídeo que me chamou a atenção e que me fez sentir a obrigação de responder -- há a possibilidade de um diálogo, se não de igual para igual, de diferentes para diferentes, de medíocre para doutores, estudantes para professores.
Preocupa-me, todavia, que a doutora caracterize o governo Lula como um governo democrático por causa da "consolidação e a garantia de direitos". Ora doutora... A lei eleitoral 9.504 é de 1997, mas foi usada nessas eleições para censurar os humoristas. Eu já vi banco federal usar interdito proibitório para coibir o direito de greve, garantido na constituição. Ficou muito feio, é verdade, e eles sabiam que isso poderia ser usado politicamente contra eles mais tarde, mas quem se importa com isso?
Quanto às privatizações, eu tenho uma visão um pouco mais limitada. Quando comecei a trabalhar na empresa que trabalho, em 2003,  o governo detinha uma participação de quase 90% do capital acionário. Hoje, detém menos que 70%, e dos 21% que o Lula privatizou, 54% estão na mão dos estrangeiros. E não, isso não tem nada a ver com o Fernando Henrique. Isso é 100% Governo Lula. Veja:
Desde 2002 tem sido observado um expressivo aumento da participação de investidores estrangeiros no capital do Banco [do Brasil]. Com as Ofertas Públicas de Ações do Banco, realizadas em 2006 e 2007 e a Subscrição dos Bônus “B” e “C”, a participação dos estrangeiros aumentou consideravelmente, passando de 0,9% em 2002 para 11,8% ao final o ano passado. (fonte)
Para os incautos, 2002 foi o ano que antecedeu a posse daquele que, com uma canetada, poderia ter revertido a privatização da Vale -- se estivesse mesmo interessado em reverter os males causados pelo governo FHC. Quem votou no Lula à época, e eu fui um deles, esperava uma ruptura, algo novo. Não foi isso o que aconteceu. A corrupção cresceu como "nunca antes na história desse país".  Meu salário não. Nem dos metroviários. Nem dos metalúrgicos. Nem dos aposentados. Essas são as categorias que convivo dentro de casa, quiçá as outras, que só vejo de longe.
Voltando ao cerne da questão -- a privatização, dentro da minha visão limitada, a do Banco citado -- eu defendo um banco público, a serviço do povo brasileiro, o que não vai acontecer se o Lula/Dilma continuar privatizando o banco e jogando o capital na mão dos estrangeiros. Acho que um banco público deva cumprir seu papel histórico, social de fato, e não pegar o dinheiro liberado pelo governo na crise que supostamente não nos abalou para emprestar para os grandes empresários ao invés de investir em infraestrutura e reduzir os juros dos empréstimos de pessoas que não tem como pagar as taxas exorbitantes -- dentre as mais altas do mundo (a propósito, alguém além de mim se lembra que os bancos públicos financiaram a compra da Brasil Telecom pela Oi?).
Doutora, nesse ponto, convergimos nossas opiniões: não é possível admitir uma coisa dessas.

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