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2010: Retrocessos ou avanços políticos?

O Brasil perdeu a copa. Ontem a retrospectiva da Globo começou à partir desse ponto, que aconteceu no meio do ano... 2010 começou no meio do ano?
É fato: o circensis está prevalecento sobre o panis. Não só falando da copa do mundo -- que muitosconsideram como uma das coisas mais relevantes do ano que se vai -- mas também teve o circo da eleição, o circo da invasão do Complexo do Alemão, e um circo até que interessante montado por Julian Assange: o Wikileaks, que não é mais "wiki", mas deixou muitos governos (sobretudo o dos EUA, contra o qual o ex-hacker parece estar travando uma batalha pessoal) constrangidos com os bastidores da diplomacia que supostamente eram para ser secretos.


Invasão do Complexo do Alemão

Quanto ao espetáculo da invasão do Complexo do Alemão, onde fizeram questão de que cada passo fosse acompanhado pela imprensa -- principalmente, o ultimato aos traficantes para que não houvesse confronto, mas, nas palavras do general José Carlos de Nardi, "se tiver confronto, infelizmente vamos ter partir pra isso" . Acabou que os traficantes fugiram por túneis ou pela mata, e foi feita uma operação abafa sobre os abusos da polícia na comunidade.
 É claro que toneladas de drogas e armas foram apreendidas. Mas isso não significa o fim do tráfico de drogas, e sim o desmantelamento do poder paralelo que governava a região (isso sim, um avanço) e continua tomando conta de várias outras no Rio de Janeiro, onde o Estado ainda não conseguiu tomar. Quem agora vai tomar o poder: as milícias, o Estado, ou o tráfico de novo? E falando sobre as milícias, já que esse é um problema "doméstico", a polícia do Rio de Janeiro nunca recebeu tantos louros, e é essa mesma polícia do Rio de Janeiro que cobra "seguro" de outras comunidades para "livrá-las do tráfico". Com ajuda do exército, marinha e aeronáutica, a polícia subiu o morro. Quem vai ajudar a tirar a polícia corrupta dos morros ocupados por eles?
E para botar fim nessa discussão e passar ao próximo ponto: por que é que só agora o governo federal resolveu ajudar? Teria a ver com as Olimpíadas, com a Copa, com uma pretensa cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU -- ou ainda com pretensões pessoais do presidente (quase ex) em algum cargo nas Nações Unidas?

Política Nacional

Dilma Rousseff foi eleita. Indicativo de continuidade do projeto do governo Lula: privatizações veladas, bolsa família ao invés de emprego que, aliás, tem seu "milagre" embasado em estatísticas que desconsideram a alta rotatividade e a perda de benefícios dos trabalhadores (ou flexibilização, como eles preferem chamar). De acordo com pesquisa da UnB desenvolvida pelo sociólogo Roberto Gonzalez, de cada dois empregos no Brasil, um dura menos de 2 anos. "40% dos trabalhadores com carteira assinada perdem o emprego todos os anos. A alta rotatividade comprovadamente influencia no valor dos salários, que são mais altos conforme maior o tempo no posto. Entretanto, apenas 25% dos trabalhadores conseguem permanecer no mesmo emprego por mais de cinco anos" (fonte). E falou-se ainda em volta da CPMF.
O salário mínimo foi reajustado em R$30. O dos senadores, deputados em mais de 65% e o do presidente em mais de 133,9% (em tempo récorde). Proporcionalmente, é o salário mais alto do mundo dentre os chefes de Estado. Acho desnecessário comentar algo sobre isso, pensando eu que a indignação é consenso geral dentre todos os trabalhadores.

Crise Mundial

E quanto à crise econômica, a "marolinha" de Lula, esse ano evidenciou que o "tsunami" ainda está longe de ter feito todos os estragos. Na Europa, 
"A série de estímulos fiscais e ajuda aos banqueiros e empresários cobram agora seu preço revelando os enormes rombos nos orçamentos públicos. A bola da vez deste final de ano é a Irlanda, que gastou o equivalente a 32% de seu PIB para salvar os bancos. A Grécia, por sua vez, reaparece com um rombo insanável. Em praticamente todos os países, os governos impõem brutais cortes fiscais, atingindo a Educação e praticamente todas as áreas sociais" (fonte).
Greves se espalharam pela Grécia, França, Espanha, Portugal e Itália. Na União Européia, algumas empresas não resistiram à concorrência -- reflexo da abertura do livre comércio e da crise -- e fecham as portas, enquanto outras vão para a China e para a Índia, gerando desemprego no ocidente e o aumento  dos empregos quase que em regime de escravidão no oriente.
Enquanto isso, a China ultrapassou o Japão e se tornou a segunda potência econômica mundial. Nos Estados Unidos, "os pacotes de estímulo à economia não surtiram efeito e [Obama] ainda perdeu a maioria democrata na Câmara dos Deputados [...]" (fonte).

É... De avanço concreto, penso eu, só se pode considerar o resgate dos mineiros do Chile e as ajudas humanitárias àquele país e ao Haiti após os desastres naturais. Todo outro avanço é relativo ou ainda não surtiu efeito -- portanto, não pode ser considerado avanço. E certamente esqueci de abordar outros retrocessos.
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Uma mensagem de Natal

Não acho que Cristo tenha nascido em dezembro, e particularmente não entendo como é que os países tropicais aceitam goela abaixo o Papai Noel da Coca Cola, com casacos que acabam com os pobres velhinhos que se dispõem a trabalhar nos Shoppings Centers. À parte, todavia, da religiosidade e do consumismo, é no Natal que se costuma acontecer aquelas reuniões em família que não acontecem o ano todo, almoços e jantares com a mesa cheia de gente reunida para comungar, a seu modo, a própria reunião -- seja qual for o pretexto.
Nem todo mundo pode para cruzar o país ou o mundo para esta comunhão. Por isso no Natal os telefones costumam tocar, e do outro lado da linha fala alguém com quem se fala só nessa ocasião -- ou não se fala há muito tempo.
Acredito que o mais importante do Natal seja a comunhão, esse sim, o espírito "santo" por trás dessa data celebrada há milênios (seja qual for o nome da festa ou do ritual). Que pelo menos por um dia se perceba o coletivo, e não o indivíduo. Quem sabe assim um dia percebamos que indivíduo e coletivo são apenas um, não só nessa época do ano, permeando o meio, interagindo com os outros, existindo à partir do toque, do cruzamento de olhares, perpetuado e perpetuando os outros através da lembrança.
Dessa forma, sim, desejo um Feliz Natal!
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Férias em meio ao turbilhão

Muito embora haja muita pauta quente para comentar -- a invasão do Complexo do Alemão, que levanta a questão do narcotráfico e, sobretudo, quem de fato lucra tanto com isso (e na minha opinião os traficantes são só intermediários em uma cadeia que envolve o governo, a burguesia -- ou os ricos, dê-se o nome que se
 
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