citação...

"A burguesia está muito bem servida nessas eleições. De um lado, ela tem Alckmin, o candidato Daslu/Opus Dei, com um programa neoliberal agressivo. Do outro, ela tem Lula, o operário padrão do imperialismo, que implanta o neoliberalismo com mediações. Sem Lula, a rejeição popular à FHC
poderia ter resultado em mobilizações de massa, ameaçando a “estabilidade” e o regime. Com Lula no controle das organizações do movimento social (CUT, UNE, MST, Igreja, etc.), a insatisfação se transformou em esperança vaga de melhoria, inoperância prática e ausência de resistência material. (...)
A grande questão é que, decepções à parte, ao contrário do que a velha direita putrefata e seus lacaios na mídia planejavam, a campanha de denúncias não foi suficiente para fazer a massa do eleitorado rejeitar Lula. A campanha de Alckmin, vulgo “picolé de chuchu”, o candidato menos carismático que se poderia inventar, claramente não decolou. Ninguém vê no PSDB, PFL e adjacências os porta-vozes autorizados da ética. A reeleição de Lula expressa, do ponto de vista do sistema, um monumental fiasco da burguesia, pois a classe dominante brasileira provou-se incapaz de administrar a massa falida do capitalismo nativo através de seus próprios quadros políticos, devidamente desmoralizados, tendo que repassar o serviço sujo para os profissionais do neopeleguismo.(...)
Por que os mais pobres votam maciçamente em Lula? Por um lado, trata-se do efeito material dos diversos tipos de bolsa-esmola distribuídos nas regiões mais pobres, no pior estilo demagógico dos velhos coronéis e caciques. Antes que digam que alguém que é contra os programas assistenciais certamente não passa de “um pequeno-burguês que faz suas três refeições por dia e não sabe o que é a fome”, é preciso lembrar que, se Lula estivesse realmente interessado em governar para os pobres, o grosso do gasto público não estaria sendo desviado para os especuladores da dívida. E os pobres estariam sim sendo alimentados, mas estariam também, principalmente, sendo estimulados e organizados para arrancar com suas próprias mãos, coletivamente, em massa, a terra, a moradia, o emprego, a cultura e tudo de que necessitam. Pelo contrário, estão contentes com suas esmolas, como quer a burguesia.(...)
Se as eleições tivessem realmente o poder de mudar alguma coisa, a burguesia não seria estúpida de permitir que se colocasse uma urna em cada esquina (se é que alguém acredita que o resultado que sai das urnas eletrônicas, a cujo programa ninguém tem acesso, realmente reflete o conteúdo das votações, que é impossível de ser verificado). Mesmo que fosse através de um voto nulo maciço, seria fácil demais para ser verdade.
(...)
Na realidade, não há voto útil. Só a luta muda a vida! Lutar é preciso, votar não é preciso! Nossos sonhos não cabem nas urnas!"
Daniel M. Delfino in Todo Voto é Nulo.

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