Das elocubrações às profecias


Vivemos em uma época interessante. Hoje, apresentados os fatos e pensando em tendências tiradas de fatos históricos (recentes ou não), fazemos análises. Outrora, faziam-se profecias. Profetas ou analistas, vira e mexe encontro textos datados de 2, 4, 8, 100, 800 ou 1000 anos atrás que parecem terem sido escritos hoje, levando em conta ou os fatos políticos que nos cercam, minha própria vida pessoal ou ainda a de outrém.
Corro o risco de repetir o que disse há pouco em alguns posts, mas preferindo citar outro autor,"mesmo que alguém afirmasse de algo: Olha, isto é novo! eis que já sucedeu em outros tempos muito antes de nós", ou ainda, dizer que há tempos, nada de novo se faz debaixo do sol. Para alguns dos leitores de Coélet no Eclesiastes, isso é profecia. Enfadonho ou não, é real, nada de novo sucede aquilo que nos antecedeu.
Mesmo no campo das paixões, de pathos, onde o ser humano parece às vezes provar que não é uma máquina lógica e matemática, às vezes me pego preso às mesmas elocubrações em que há anos estava. Minha memória pode ser falha, mas para isso servem os escritos. Lembrei-me ontem, por exemplo, de quando fui à casa dos Orixás e de lá escrevi (ou "des"crevi) aqui meu estado de espírito. Se tivesse escrito hoje, seria o mesmo. E nada de novo teria se passado embaixo do sol.
Os indianos chamariam isso de samsara, círculo. Falta-me conhecimento para dizer como os (filósofos?) ocidentais chegados à metafísica abordaram este problema, temendo eu que não tenham abordado, sem partir para a interpretação materialista. No oriente, existem diversas obras (?) dedicadas ao tema.
Tenho feito um experimento interessante nos últimos tempos e tentado me manter impassível diante de todas essas situações. Dosando paixão, mantendo a capacidade de análise e alerta todo o tempo. Estar impassível dentro de uma guerra, neste estado de espírito, significaria empunhar uma arma e lutar, e não sentar em cima da montanha e olhar os exércitos degladiarem-se. Significa identificar o curso do rio, seguí-lo, mas com conhecimento prévio de onde estarão as pedras ou as quedas d'água.

Na prática, procuro manter-me informado previamente sobre quaisquer armadilhas jurídicas conhecendo a jurisprudência -- afinal, não vivemos no mundo das idéias, vivemos no país da justiça que solta Daniel Dantas e queima o Protógenes --, já sei em quem vou votar e não acompanho as pesquisas, leio no jornal as coisas que me interessam -- a conjuntura internacional, economia, de vez em quando o caderno de cidades, e quando me sinto velho demais dou uma espiada no blog do Gravataí Merengue, que me dá esperança de que, quem sabe, as notícias do jornal de depois de amanhã podem ser diferentes -- logo que fecho a janela, a esperança se vai.
Enfim, mudam as pessoas, as construções, as tecnologias e continentes, mas continua fácil profetizar o futuro. Vai ser igual à hoje, continua igual a ontem. Se não existem três tempos (ontem, hoje e o "futuro"), então resta-me fazer no presente, conforme a profecia: 
"E, que o homem coma e beba, desfrutando do produto de todo o seu trabalho"
Comer, beber, trabalhar, lutar, principalmente para manter-se impassível. E todo o resto? É vaidade, e correr atrás do vento.

fonte: Eclesiastes (Bíblia de Jerusalém, Bíblia TEB)

1 comentários:

Anônimo disse...

Oie!!!! Lindo... estou esperando meu testimunhal... vc prometeu... BjuBju

Hellen

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