classificações e classificados

Hoje dei uma rápida espiada nos jornais. O Brasil marcou 3x0 no Chile. Meu Coringão segue rebaixado. A Marta, segundo o Datafolha, está com 40% das intenções de voto, segue com o sobrenome do ex-marido e a minha candidata a prefeita está com 3%. Alguns slides mais para frente, uma garota sem nome se inscreve para a Fuvest, o vestibular mais concorrido do país.
Exceto o fato do meu Corinthians, imaginei-me olhando para o mesmo portal, há exatos quatro anos. Acho que veria as mesmas notícias: o povo votando nos mesmos candidatos que lhe empurram o nabo diário, que não é para ser engolido pela boca, o Governo tentando desviar a atenção do povo para os escândalos que nos cercam com o panis et circencis, técnica antiga, usada desde os romanos, mas agora como matar gente pelos leões é não passaria pela câmara -- será?, usam o futebol, e os pobres vestibulandos já são condenados a níveis de estresse que antigamente só aqueles que trabalhavam há 20 anos em fábricas, bancos ou Hospitais chegavam -- Freud que o diga.

E porquê raios eu voto na candidata dos 3%, voto no vereador que estava comigo nas ruas, lutando e sendo preso ilegalmente pela polícia, lutando pelo direito dos trabalhadores bancários e contra o uso da máquina do sindicato pelo PT como braço do governo e dos interesses do mesmo, porquê nabos eu continuo torcendo pelo time da segunda divisão, porquê é que eu não larguei tudo e não mudei para Buenos Aires -- ignorando o lado financeiro, as aspirações dos meus pais e as inacabadas faculdades de Filosofia e de Jornalismo... Por que?
Há dois anos eu teria uma resposta pronta para isso e diria que acredito que a luta muda a vida, que não podemos cansar e desistir. Hoje já não sei se penso o mesmo. De qualquer forma, lembro-me de ter mandado há uns 10 anos atrás uma carta para Barbara Gância e ela ter me respondido que joga na loteria há tempos e nunca ganhou, mas continua jogando. Eu nunca jogo. Terça passada saí do metrô, entrei numa loteria e joguei na mega-sena. Por um número não acertei o menor prêmio.
É chato olhar as notícias de hoje e ver que elas continuam velhas. E quando se produzem notícias novas, como as de Dantas, elas simplesmente desaparecem. Ou como as da Abin -- puf, desaparecem, a cúpula sumiu, no seu lugar, um funcionário do Dantas, que como é desaparecido, esse também o é.

Estava é com medo de ver essas pesquisas. Medo de chegar a esta velha opinião formada sobre tudo. Medo de, como me disse ontem Geraldo Anhaia Mello, grande amigo (e ídolo) meu, que promoveu a exibição do documentário "Muito Além do Cidadão Kane", além de transformá-lo em um livro, medo de virar velho antes do tempo.
Agora já vi. Mas segundo Anhaia Mello, um homem justo, tenho duas opções, todos os dias, ao acordar. Amanhã... Não vi =). Amanhã vou acordar cedo e panfletar pelo meu candidato a vereador, na porta de banco. Afinal, talvez a luta mude algo. Mas sem ler jornal.

(tinha citado 2x0, segundo o UOL. Mas a Hellen me corrigiu, foi 3x0. Acredito mais nela que no UOL. Descartes me ensinou a ser Epistemológico, afinal =) ).

1 comentários:

Anônimo disse...

Tah bom... Pode deixar!!!!!!!

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