Rio: mais de 600 mortos. Nenhum culpado.

A região serrana do Rio já contabiliza mais de 600 mortos por conta da tragédia "causada pelas chuvas". O governo joga a culpa nas intempéries, e assim, o culpado é o céu, São Pedro, Deus, ou o que o valha. Ninguém que possa assumir a culpa.
A oposição diz que o problema é do governo federal: de acordo com "O Globo", só 39% das verbas previstas para prevenção de desastres foram liberadas, e só 0,6% destinadas ao Rio de Janeiro. Dilma nega a responsabilidade de seu antecessor. O TCU apura só agora, e a imprensa se divide de acordo com seus próprios interesses.
É fato que todas essas mortes poderiam ter sido evitadas. "Há muitas ações de prevenção, de baixo custo, que podem ser adotadas, sem a necessidade de grandes operações de remoção de moradores de áreas de risco", diz Debarati Guha-Sapir, diretora do Cred (Centro de Pesquisas sobre a Epidemiologia de Desastres), de Bruxelas, na Bélgica (fonte). Como lembra a Veja, um desastre dessas proporções pode ser previsto com no mínimo 8 horas de antecedência,
usando radares e satélites meteorológicos. Se pensarmos que hoje até a erupção de um vulcão pode ser prevista e seus consequentes desastres evitados (a exemplo do Etna, na Itália), como pode uma temporada de chuvas causar tantos danos (progressivamente) com o passar dos anos?
De quem é a culpa? Da chuva? Do povo, incentivado a ocupar áreas de risco (e sem outras opções)? Quem detém os recursos para prevenir os efeitos calamitosos das temporadas de chuvas?
A culpa é de quem não investiu na prevenção dos desastres, e agora pede doações para as vítimas como se não tivesse recursos para ajudá-las. Responsáveis são aqueles que agora estão sobrevoando as áreas de calamidade, independente do palácio que ocupe, enquanto bombeiros e civis morrem tentando salvar uns aos outros ou dormindo na tranquilidade (e pseudo-segurança) de suas casas.
Já morreram mais de 600 pessoas e ninguém assumiu a responsabilidade por isso. Enquanto esses criminosos não admitirem sua omissão (e ficarem impunes), cada chuva será um prelúdio de catástrofe. Resta-nos lutar para que nosso dinheiro seja investido em nosso próprio benefício, e já que isso não aconteceu até agora, tomar uma postura ativa na ajuda às vítimas -- não só com doações (que não seriam de nossa responsabilidade), mas principalmente, pressionando o Estado para que assuma sua culpa e tome medidas para remediar esse problema, agora e no futuro.
A culpa é do governo. E se a justiça não reconhece isso (nem eles), cabe a nós a denúncia e a luta para que isso possa mudar. Se não lutarmos por nós, quem lutará?

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