Como conheci Matraga

Nunca fui lá grande fã de Guimarães Rosa, que me trás à mente memórias desconexas de Baleia, a cachorra de Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e de duas parentes do próprio Rosa, com quem tive ótimas (e péssimas) experiências em uma cidade não tão próxima de Belo Horizonte, além da época em que eu fazia
cursinho no Objetivo na Paulista e o estudava na ânsia de passar em jornalismo na USP. Fiquei surpreso, pois, ao deparar-me com um conto seu em uma disciplina do curso de filosofia da Unifesp para fazer uma análise "filosófica, literal e histórica" do itinerário do personagem, principalmente porque matriculei-me tardiamente no curso e perdi grande parte das aulas que abordaram o conteúdo que, creio eu, dariam uma luz à essa análise.
De cara percebi que, como disse uma grande amiga do outro lado do oceano hoje, a nossa percepção e afinidade com os autores varia de acordo com nossa maturidade e, para não soar por demais pretencioso, visto que sabe-se lá se fiquei mais ou menos maduro com o passar dos anos, com as fases que estamos passando em nossas vidas. Os neologismos sertanejos continuam me desagradando, mas não são mais um impeditivo para seguir a leitura nessa altura da minha vida depois de ter lido as coisas que li desde a época do cursinho. Sinal de que estou ficando velho? Sei lá.
Para embasar a dita "análise", lembrei-me do "Uma Breve História da Filosofia Moderna" do Roger Scruton cujos capítulos finais me introduziriam à Fenomenologia e ao Existencialismo, campos da filosofia nos quais sou um asno e não gosto de sofismar (até porquê fazê-lo em uma faculdade de Filosofia é idiotice).
Meu grande interesse pelo conto, na verdade, não foi pela disciplina em si, tampouco pela necessidade do conceito na matéria. É que lendo a história, penso que passei por muita "matraguice" pela vida e, ainda assim, não consegui dar o salto que ele deu. Todo mundo apanha da vida, alguns tem de voltar ao zero, eu sempre acabo voltando, não tenho medo disso. Mas sabe, em uma coisa, foi bom conhecer Matraga...
Afinal, se "cada um tem a sua vez, a minha hora há-de chegar!"
Enquanto isso, vou parando por aqui, cansado. Hoje não teve aula, mas mesmo assim estou cansado. Todo dia é dia de trabalho, de estudo, de acordar às seis da matina, de ganhar pouco, de não ver mais graça mais nas pessoas da sala de jantar, que outrora me apraziam. Guimarães Rosa deu a entender que isso é edificante. Eu optei por isso, mas ainda não sei no que vai dar. Será mesmo que minha hora há-de chegar?

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