Folha Bancária no País das Maravilhas

Ouvi contar que num passado muito muito distante, os sindicatos existiam enquanto instrumento de luta e mobilização dos trabalhadores a fim de alcançarem melhores condições de trabalho
e se defenderem dos ataques de seus empregadores à sua qualidade de vida. Devo ter lido isso em algum livro, ou algum maluco me contou.
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, atual importante ministério do governo Lula, tem uma publicação periódica interessante chamada Folha Bancária. Me contaram que servia para denunciar os "abusos" e "assédios" dos banqueiros, dos gerentes, das direções dos bancos, mas não foi isso que conheci. A Folha Bancária de hoje é um veículo panfletário de propaganda do governo pago gentilmente por desconto em folha de todos os associados desse ministério disfarçado.
Há uma justificativa, todavia, para a publicação da matéria constante na página 4 da FB 5.307 referente à Bancoop (reproduzida aqui e aqui): data de 1o. de abril. Só por isso, podemos engolir que "apenas 8,2% [das unidades] ainda não foram concluídas" e que "o valor final dos empreendimentos -- todos de ótima qualidade e muito bem localizados -- está abaixo de outros na mesma região".
Quando fui aprovado na Unifesp, precisei tirar segunda via de meu título de eleitor e, para isso, tive de me dirigir ao cartório eleitoral que fica próximo à casa de minha digníssima ex e, consequentemente, longe de todo o resto do Universo. Logo, fui de taxi. O motorista, depois de algum tempo de conversa, disse odiar o sindicato dos bancários, por ter adquirido um apartamento da Bancoop. 
Contou que teve de invadir um apartamento recém-terminado, não tem a escritura, e nas assembléias de cooperados frequentemente aparecem diversos ônibus de "votantes" para aprovar propostas que eles nem sabem do que se tratam. "A trajetória de Vaccari se funde aos principais movimentos de luta pela construção de uma sociedade mais justa e democrática", diz a Folha Bancária. Conheço (!!!) essa idéia petista de justiça e democracia.
Certa vez, quando a Folha Bancária publicou no dia seguinte a uma assembléia algo diferente do que tinha acontecido e eu indaguei a um diretor do sindicato o porquê, ele respondeu curto e grosso: "porque quem tem a caneta, escreve a história". Simples assim, se define como perpetuar o país das maravilhas que não acontece hoje, mas amanhã, aconteceu.

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