conhecimento:::verdadeiro?

Noite engraçada de domingo, "dominus dei". Eu iria assistir um filme Almodovar, que me lembro de ter assistido outrora, em 2006, quando foi lançado. Na primeira cena de sangre, todavia, desisti, meu estado de espírito
depois de todo o fim de semana principiado na quinta não me permitiria. Deixei o filme rolando no DVD -- agora que moro em uma casa de família, outras pessoas continuam assistindo o filme que rola atrás de mim, chamei o cachorro que tem o nome daquele que guarda os tesouros escondidos nas raízes das árvores e na terra -- esse só monta guarda do meu lado, vai entender esses cães, e vim para a internet caçar algo diferente o que fazer, junto do meu arguilé. Botei um fuminho adocicado para variar a menta do dia-a-dia, vai que muda um pouco meu ânimo. Não sou (ou sou) supersticioso. Mas talvez funcione.

Comecei lendo uma obra sobre Filosofia Clínica, que não vou esconder, me encanta. De todas as áreas que conheci da Filosofia, o estudo do indivíduo é o que mais me apraz. Como sou cético com relação à medicina (exclui-se desse meu ceticismo a homeopatia e algumas terapias alternativas) e mais ainda cético com relação à psicologia, embora agora frequente semanalmente uma psicóloga, não pensaria em ninguém melhor que um Filósofo para analisar outro indivíduo. Nas palavras de Lúcio Packter, que me parece desacreditado dentre filósofos e psicólogos pelos comentários que li e ouvi, "o filósofo clínico não é advogado, não é psicólogo, não é médico nem analista. É pai desses profissionais, é aquele que procura entender o todo, seja através das partes, seja através do todo para as partes. Não lhe compete julgar eticamente, em princípio, em clínica". Até por causa deste ceticismo dentre os próprios colegas filósofos -- colegas dele, visto que EU mesmo não sou filósofo, sou só um desqualificado "desdiplomado" me permitindo neologismos e sobretudo chato, acabei parando um pouco de ler sobre filosofia clínica e passando a ler alguns textículos sobre epistemologia. Palavrão, não? Mas a definição é super simples: é a ciência do conhecimento, é o ramo da filosofia que estuda a validade do conhecimento. Me lembra Descartes, nas Meditações: "Há algum tempo eu me apercebi que desde meus primeiros anos recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras (...)". É uma infelicidade que eu não tenha guardado meus livros da quarta e quinta série que estudei no colégio Adventista de Tucuruvi. Em especial os de Ciências, onde aprendi que o mundo onde vivemos foi criado por Deus, tal qual no Gênese, e nunca foi citado o big-bang. Não faço idéia de como seja o colegial por lá, nem se continua sendo igual.
Descartes foi educado em um colégio Jesuíta e começou a discordar em algumas coisas mas, quando viu a condenação de Galileu, achou melhor ficar quieto e publicar suas obras com seus pontos de discórdias de maneira "subjetiva". Mas voltemos à epistemologia.
Você aprendeu na escola que o Sol está no centro do Sistema Solar. Ok, isso porque alguns milhares de cientistas, baseados em alguns outros milhares de cientistas que chegaram a esta conclusão baseados em instrumentos criados por outros cientistas (inclusive baseados em experimentos nesse condenado Galileu Galilei, aprimorados por métodos criados por Descartes) chegaram a esta mesma conclusão. A espistemologia é a corregedoria deste conhecimento: é ela que estuda o porquê que este conhecimento é considerado indubitável pra você (aqui sim estou sendo cartesiano). Mas ela problematiza muito mais que isso e vai muito mais além.
E eu, afinal, sou só um desqualificado comentando sobre o assunto. Dando pinceladas sobre o pouco que li a respeito... Devia ter ficado no Almodóvar.
Mas relendo o post, vi que não fui tão claro no link e achei melhor explicar o porquê que comecei a ler sobre a tal da epistemologia. Explico: se estou lendo sobre algo que é controverso, preciso de um método para separar o "joio do trigo" e entender -- vamos recorrer de novo a Descartes -- o que é certo e o que é duvidoso. É isso. Vou voltar de novo ao arguilé e à televisão. O Almodovar já acabou à essa altura...

EDITADO EM 12/2010: Já não acredito mais em Filosofia Clínica. Mas fica registrado o material.

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