Paixões da Alma, artigo 50

Confesso: estou sendo repetitivo falando desse cara, mas que posso fazer se é ele que tenho estudado neste último período? Vamos ver o que é que o crivo do "Editor" vai permitir sair no artigo...
Todavia, reproduzo abaixo um trecho que peguei num livreto de John Cottingham comentando as Paixões de
Descartes que me chamou a atenção. Não tanto pelo conteúdo. Verifiquemos que isso foi escrito em 1649, muito antes de Freud, muito antes da psicanálise, quando os homens que se ocupavam em entender suas próprias paixões (e de outrém)eram os mesmos homens que tentavam entender a alma, Deus e o Universo.
Entendamos por paixão nossas emoções, compulsões, desejos, libido, vontades, e tudo o mais o que se enquadrar naquilo que não possa adequar-se no que passe pelo crivo do juízo e da razão naturalmente -- aliás, é aquilo que costuma colocar nosso "crivo" em crise. Bem, com a palavra, René:
Quando um cão uma perdiz, é naturalmente levado a correr em direção a ela, e quando ouve o disparo de uma arma, o barulho naturalmente o impele a fugir. Ainda assim, os cães perdigueiros são normalmente treinados para que a visão da perdiz os faça parar e para que o barulho que então ouvem, quando alguém atira na ave, faça-os correr em direção a ela. Vale a pena notar essas coisas para encorajar cada um de nós para que nos esforcemos para controlar nossas paixões. Pois uma vez que somos capazes, com um pouco de esforço, de mudar os movimentos do cérebro de animais desprovidos de razão, é evidente que podemos fazer o mesmo ainda mais efetivamente no caso de seres humanos. Mesmo aqueles que têm a mais fraca das almas podem adquirir absoluto controle sobre todas suas paixões, se empregarem suficiente engenho em treiná-las e conduzí-las.

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