Milagre da Educação: O que o discurso de Dilma esconde?

Ontem a presidente interrompeu o horário nobre para fazer seu primeiro pronunciamento desde sua posse. Seu discurso, insistentemente repetitivo no ponto de que a educação deve ser melhorada no país, deixa diversas lacunas sobre como isso será feito, e sobretudo, esconde uma política de sucateamento da educação pública em prol do enriquecimento dos empresários do ensino, continuidade do projeto de Lula.
Vejamos: Dilma fala em prol da melhora da educação gratuita, e anuncia o futuro lançamento do Pronatec, nos moldes do Prouni . Ora, os recursos investidos neste programa, se investidos em universidades públicas, criariam muito mais vagas que nas universidades particulares (para cada vaga gerada pelo Prouni, 3 poderiam ser abertas em uma universidade pública com os mesmos recursos). Por isso, não vou dizer que alguns estudantes carentes não sejam beneficiados, todavia, nem todas as universidades aderem ao programa, e quando o fazem não ofertam para estes estudantes -- que já foram contemplados com bolsa integral ou parcial -- vagas para os cursos mais procurados, e abrem cursos que, no geral, não podem colocá-lo no mercado de trabalho na profissão que eles escolheram, gerando ao invés de conhecimento, mão de obra barata e qualificada somente para subempregos.

Fala também na implementação do Plano Nacional de Banda Larga para aumentar a inclusão digital dentre os estudantes, "pois a juventude brasileira precisa incorporar ainda mais rapidamente os novos modos de pensar, informar e produzir que hoje se espalham por todo o planeta", e que a população pobre possa ter acesso à internet com um valor compatível com sua renda. Ora, o primeiro passo para ampliar a inclusão digital seria tornar a renda das pessoas compatível com o computador, que hoje os pobres não podem comprar. Daí em diante, um dos obstáculos para ter a máquina que oferece o acesso a internet são os impostos abusivos cobrados desde sua fabricação, importação e venda -- nas palavras de Steve Jobs, não reclame com a Apple pelo preço do seu iPod, reclame com seu governo pelos impostos.
E a criação de novas escolas técnicas federais? Será da mesma forma que a criação do campus em que estudo da Unifesp, sem infraestrutura de transporte, salas para acomodar todos os alunos e professores para lecionar? De que adianta dar acesso a vagas que não oferecem as condições mínimas e necessárias para a permanência do estudante?
Concordo que um país rico seja um país sem pobreza. Para erradicar a miséria, é necessário distribuir a renda, não concentrá-la na mão nem dos barões da educação, nem dos grandes empresários. Acabar com a pobreza é garantir o acesso a uma educação pública e de qualidade, não sucatear as escolas técnicas nem as universidades federais. Melhorar a educação significa investir na educação. Com responsabilidade. E compromisso com o povo, não com quem vende (e caro) para o povo.

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