A Sociedade Nas Redes Sociais [2]

Depois da leitura atenta do post do querido Filipe, achei que talvez fosse interessante partilhar um pouco daquilo que se passa na minha vida ao nível das redes sociais. Não sei bem se serei a pessoa mais apropriada para dar pitacos relativos a esse assunto, pois trabalho literalmente 24 horas por dia com o PC ligado, em constante contacto com as pessoas através de meios como o MSN e Skype, por exemplo.

Há uns anos apareceu a febre do Hi5. Todas as pessoas queriam ter, Lembro-me de criar uma conta, colocar alguma informação a meu respeito e em menos de uma semana choviam convites, na maioria de pessoas desconhecidas, que queriam "fazer amizade". Aquilo praticamente não parecia site para interacção com amigos, conhecidos e colegas de trabalho, mas sim uma espécie de diário aberto ao mundo, em que todos podiam ler e ter acesso ao publicado, desde as nossas mensagens, o nosso diário, as nossas fotos, tudo. E os comentários apareciam lá mesmo que não quiséssemos, embora os pudéssemos depois apagar. Usava o meu apenas como "diário", uma espécie de "mini-blog" onde eu registava os meus pensamentos e algumas peripécias que me aconteciam diariamente. Quase não tinha "amigos" lá, apenas "pessoas". Cheguei a ter uma lista que ultrapassava o milhar, um dia acordei e pensei: "para quê isto se as pessoas que eu conheço não estão cá?" e apaguei simplesmente o meu perfil. Fiquei anos sem pensar sequer em redes sociais.

Passaram-se anos e descobri então outra forma de "interagir", um pouco mais directa que o Hi5 ou o já existente FaceBook, que pouco ou nada me dizia: entrei para uma comunidade de jogo online, uma equipe que tinha como responsabilidade básica zelar pelo bom funcionamento e o cumprimento das regras de um jogo por parte dos seus usuários. Comecei como simples operadora e em quase dois anos virei líder de equipe. As poucas coisas boas que me ficaram dessa altura foram alguns grandes amigos que fiz (nos quais posso incluir o Filipe, que se tornou num verdadeiro grande amigo). De resto não sinto saudades agora, que saí. Descobri que a vida "online", mesmo que "em equipe", é simplesmente uma autêntica selva. Ninguém tem pudor nem problemas em se "atropelar" e em fazer o que necessário for para chegar onde quer. Desde as birras, as intrigas, as trapaças. O que se vê no exterior, na chamada Real Life, vê-se também nas comunidades online. Sem tirar nem pôr, com muita pena minha. Posso dizer que saí então na melhor altura.

Assim sendo, temos como resultado até agora: "Vida online" 0 - "Vida real" 2

Mas nem tudo é mau no mundo das redes sociais. Há talvez um ano, depois de muita insistência por parte de amigos, amigas e mesmo familiares, resolvi então criar um perfil no FaceBook, a que agora acabo por aceder diariamente. Faço-o porque agora sim, sinto que esta é uma forma de me aproximar de algumas pessoas que me estão distantes e com as quais não tenho a possibilidade de falar todos os dias, como é o caso de amigos no Brasil, familiares na França, Alemanha, agora até em Portugal mesmo, pois de momento encontro-me em busca de novas experiências na Ilha de Man. Assim sendo, praticamente tudo é desculpa para uma nova mensagem de estado, o post de uma nova fotografia, etc. Mas sempre com contenção, sempre tendo em conta que nem tudo deve ser escrito. O que o FaceBook tem de bom agora, é que evoluiu: nos seus primórdios, não era possível a restrição da informação a qualquer pessoa. Todos liam o que se postava, o que agora não acontece. Apenas lê quem queremos, podemos bloquear usuários "metidos" e podemos fazer com que apenas quem nós queremos veja as nossas fotos, os nossos comentários, notas e mural. Gosto assim. Consigo manter-me um pouco "privada" mesmo num ambiente completamente "público".

Mas nem por isso o FaceBook ou as redes sociais são algo que eu privilegie em relação ao resto. Não há nada como ter uma criança nos braços, brincar no parque, comer um gelado (sorvete) ou simplesmente passar "tempo de qualidade" com aqueles que amamos. Nada se compara à partilha, aos pequenos momentos com os amigos, colegas, família. Não há rede social nem "vida online" que pague um sorriso sincero, uma lágrima de felicidade. As redes sociais devem ser, somente, algo que nos aproxima de novo daqueles com quem deixámos de contactar, podem servir para descobrirmos amigos há muito "desaparecidos".

Mas depois da "reunião", que se lixem as redes sociais, os computadores, a realidade virtual. Viva o momento, vivam os amigos, a família, os copos, as noites bem passadas, as boas companhias! É disso que nos vamos recordar um dia, quando estivermos para partir definitivamente, e não dos momentos que perdemos a escrever para um "mural" que não nos responde por si. :-)

O conselho de hoje então: Carpe Diem, mas sem PC!

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