Tsunami social: o poder do petróleo

Relatório emitido pelo US Accountability Office em Fevereiro de 2007 mostra que atingiremos o ápice mundial na produção de petróleo por volta do ano de 2040. Os EUA, que é o maior consumidor mundial, já atingiu o pico de produção nos anos 70. Em 1950, produziam a cifra de 10 milhões de barris diários e consumiam 7 milhões. Todo o excedente era exportado. Nos dias de hoje, a produção americana é de 8,3 milhões de barris/dia e o consumo interno já está em 20 milhões. Em questão de 60 anos, a maior economia do planeta passou de exportadora a importadora do produto. A dependência externa está criando um contexto de tensão político-militar de consequências globais.

O crescimento dos chamados países emergentes, como é o caso de Brasil, México e Índia, e a demanda cada vez maior dos países industrializados e da China representa um problema sério que pode assumir dimensões catastróficas caso não haja o incentivo à pesquisa de novas fontes de energias renováveis. O petróleo e seus derivados, como a gasolina, o diesel, o gás e o combustível de jatos, é a principal fonte de energia consumida no mundo. Por ser uma fonte de energia não renovável, a escassez é apenas uma questão de tempo e segundo alguns críticos o processo já está em andamento.

Qualquer interrupção no processo de produção do petróleo, como guerras ou atentados terroristas, pode desencadear uma recessão global. Em uma sociedade capitalista, a baixa oferta de um produto eleva seu preço. As indústrias e os meios de transportes que dependem do combustível são obrigados a repassar o aumento aos consumidores para garantir o lucro. A inflação aumenta e o poder de compra diminui. A sociedade entra em depressão e o caos político e social cresce à medida que o desemprego aumenta.

O maior perigo deste século é a repetição do que ocorreu nos EUA, mas agora em contexto mundial. A chamada Doutrina Carter estabeleceu em meados dos anos 80 que toda a região do Oriente Médio seria assunto de segurança nacional. Após a crise de 1973, quando integrantes da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) aumentaram o preço do barril de petróleo em represália ao apoio norte-americano a Israel na guerra de Yom Kippur, toda a geopolítica passou a se concentrar em torno das maiores regiões produtoras de petróleo, em especial o Oriente Médio.

Um economia forte, em depressão, e com alto poderio militar pode ser capaz de justificar guerras em nome da segurança nacional. O Iraque foi invadido em 2003 sob o pretexto de que o país representava uma ameaça à democracia mundial. A invasão foi oficialmente motivada com a alegação de que o país possuíria armas de destruição em massa, fato este que nunca se comprovou. Ademais, sabemos que o Iraque é membro da OPEP e que a guerra foi iniciada pelos EUA de modo absolutamente unilateral, sem aval do Conselho de Segurança da ONU.
Conflitos armados, como a Guerra Irã-Iraque na década de 80, tiveram a participação norte-americana com o fornecimento de armas ao Iraque de Saddam Russein. A Revolução Iraniana de 1979 representava uma ameaça aos interesses americanos na geopolítica da região. O ditador  iraquiano apoiado pelos EUA na década de 80 foi deposto na Guerra do Iraque com essencialmente o mesmo propósito ímplicito de se manter o controle estratégico na produção petrolífera.

A corrida armamentista da Guerra Fria terminou com a queda da ex-URSS, mas acabou dando lugar a uma guerra econômica pela hegemônia de mercados. Nesta sociedade globalizada, em que os fins justificam os meios, tudo é possível na busca da manutenção do poder. Nada será capaz de impedir que uma nação desenvolvida use de sua força militar para manter a liderança e a soberania nacional. O prêmio é uma fonte de energia não renovável e portanto  com os dias contados. Resta-nos apenas torcer para que a ciência e a humanidade encontrem uma forma racional para superar as adversidades que certamente já estamos enfrentando.

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